Ecoar, não é necessário que haja tragédia para que haja reconhecimento.

Por diversas vezes ao longo da história mulheres tiveram sua voz, seu corpo, seu querer e sua própria existência reprimida. Mulheres que um dia não tiveram direito à educação, ao trabalho e à vida sem que estivessem sob a sombra de um homem. Tiveram por inúmeras vezes suas vozes silenciadas, mas hoje ecoam como um grito de liberdade. Aqui se faz presente o Ecoar, um website que volta seu olhar para as mulheres, para suas histórias, seus potenciais, suas lutas e conquistas, e principalmente para a sua existência. Um projeto pensado e executado por quatro mulheres, com o intuito de abrir os olhos da sociedade para toda a capacidade feminina, que não será mais uma vez apagada.
Em memória a todas aquelas que morreram lutando por sua existência e exaltando aquelas que em vida lutam cotidianamente, ecoando histórias que não precisam de um fim trágico para que passem a ser contadas.
Em 25 de março de 1911, 125 mulheres de idade entre treze a vinte e três anos tiveram suas vidas retiradas. Entre as vítimas do incêndio, em sua maioria estavam mulheres, trabalhadoras que eram submetidas a uma árdua jornada de trabalho na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist Company, localizada no edifício Asch em Nova Iorque. Trancadas ao nono andar do edifício, o fogo se alastrou, vidas presentes nos outros andares fugiam em desespero, enquanto outras davam seu último suspiro aprisionadas. O incêndio da Triangle Shirtwaist Company levou vidas que seus últimos atos foram exercerem sua mão de obra.
Dia Internacional da Mulher, não é uma homenagem, é um símbolo da luta feminina. Oito de março, data que carrega em uma de suas versões, a significância por homenagear aquelas que perderam a vida no incêndio do Triangle Shirtwaist Company, a dita versão apaga a luta das mulheres que há por trás dessa tragédia. Como uma fatalidade, a ocorrência do incêndio, foi uma evidência da precariedade das condições de trabalho vivenciadas, antes mesmo da tragédia, ocorria uma luta constante por parte das mulheres, que iam às ruas protestar por direitos, reivindicar a dignidade. O Dia Internacional da Mulher surge como um símbolo de reconhecimento ao engajamento político feminino e sua constância na luta operária, que batalharam incansavelmente até o reconhecimento.
Em oito de março de 1917 mulheres trabalhadoras iniciaram uma greve na Rússia, em prol da luta contra a fome e a participação da Rússia na Guerra. Na Primeira Guerra Mundial, mulheres assumem as indústrias, se posicionam nos cargos antes denominados masculinos, passam a ser essenciais para o desempenho na guerra e a manutenção econômica de seus países. Em seguida, mulheres são dispensadas, retomam papéis denominados pela sociedade de donas do lar, tendo suas capacidades reprimidas, causando depressão àquelas que foram submetidas a retrair seus potenciais.
Mulheres ao longo da história, da luta à repressão, permanecem vigorosas, engajadas por melhorias, lutando até alcançar seu devido reconhecimento na sociedade. Todos os marcos apontam para a força feminina que sempre se fez presente, a força feminina que sempre compôs a sociedade antes mesmo de ser reconhecida, e assim o Dia Internacional da Mulher carrega um significado não de tragédia ou marco específico, e sim a força, a constância, a luta do passado e do presente para que suas vozes sejam ecoadas. A coragem de cada mulher pertencente a cada década, século, que jamais se abstiveram de lutar como uma mulher.
Nós mulheres que desafiam até hoje a fragilidade imposta sobre cada uma de nós. Possuímos o direito de liderar nossa própria vida, nosso próprio corpo, nosso próprio empreendimento. Ecoar, um palco disposto a assistir mulheres inspirarem, crescerem e se ressignificarem.

Fonte: tringlememorial.org , bbc.com , capital.sp.gov.br , brasilescola.uol.com.br